quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Amados

Tinham os mesmos nomes. Cresceram juntos, à sombra do amor materno. Ele era órfão, e a mãe dela, que o amava como se fosse seu filho, tomou-o para si, e reuniu os dois debaixo do mesmo olhar e dentro do mesmo coração. Eram quase irmãos, e sê-lo iam sempre completamente, se a diferença dos sexos não viesse, um dia, disser-lhes-lhes que um laço mais íntimo podia uni-los.
Um dia, após uma longa noite de sono, Fernanda se senta à mesa do café com os demais da casa, que já a aguardavam, e sua mãe, vendo como Fernanda e Fernando aparentavam solidão e cansaço (por estarem sempre apenas os três, acreditava), decide que deveriam começar a freqüentar locais nos quais não houvesse apenas sua presença, para que conhecessem novas pessoas e fizessem novos amigos, pessoas para com as quais compartilhariam sua juventude e momentos de alegria.
Fernanda, como sempre fora muito bela e sociável (não que Fernando não o fosse), logo já tinha a simpatia de todos nos locais aonde ia, e exclusivamente nos bailes e encontros, como o em que ela e o irmão se presenciavam no momento. Bem, acontece que, neste dia, enquanto Fernanda estava à tagarelar com amigas, Fernando estava sentado em uma mesa com alguns rapazes, os quais definitivamente não se misturavam com os demais e, sei lá porque, haviam o convidado à se juntar.
Durante toda a noite, a cada rapaz que se aproximava de Fernanda, uma pontada brutal atingia o estômago de Fernando, que simplesmente não entendia o porquê de nas últimas semanas não mais ver Fernanda como sua irmã, mas como algo que nem mesmo reconhecia, algo que o fazia sentir como se ela fosse só sua, e precisasse estar ao seu redor sempre.
Fernanda estava a sorrir e gargalhar quando um dos rapazes que antes estava na mesa de seu irmão se aproximou e tomou-a pelo braço, trazendo-a consigo para fora do estabelecimento.
Fernando, ao notar que estava isolado em seu lugar, resolve tomar um ar junto à dois outros rapazes que, no meio do caminho, por algum motivo, haviam saído em disparada para fora, sendo acompanhados por Fernando que, quando viu Fernanda chorar e implorar que o rapaz a deixasse, só parou quando já à tinha nos braços, quando o rapaz que à havia puxado até lá nas mãos do chefe de polícia.
Acontece que, depois de tudo que se passou Fernanda só se lembrava do momento no qual foi envolvida pelos braços de Fernando, do algodão macio de sua camisa e de se perfume acelerando as batidas do seu coração. E então ela notou que estava perdidamente apaixonada pelo irmão. Envergonhou-se disso, e se calou.
Fernando já não se sentia mais o mesmo, e percebeu que amava a irmã, apesar de sempre tê-la amado, nunca havia sido da forma que era agora, era de uma forma grandiosa, como jamais antes havia sido.
O rapaz, logo que fala com a irmã (ou ex-irmã), se mostrou tão feliz e, a mesma felicidade irradiava dos olhos e da alma de Fernanda, tornando-se impossível de ser escondida. O grande problema era o fato de não terem coragem para dizer à mãe dos últimos acontecimentos, sendo ela uma mulher muitíssimo conservadora. Apesar de o amor que o recente casal sentia pela mãe, o de um pelo outro era muito maior.
Fugiram em uma noite clara, de mãos dadas e deixando para trás apenas uma carta, a mãe e a solidão que agora viveria com ela.

Aluna: Paola Vênere, 9ºB

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