"Para a população de 2109"
Eram três horas da tarde do 11 de setembro do ano de 20009 quando entrei no carro, ali no bairro Botafogo. Eu estava me dirigindo para o Rio+10, onde nós, um grupo de jovens representantes de diferentes ONGs, nos encontraríamos para deixar uma contribuição para o mundo através da elaboração de textos dirigidos às criança e adolescentes do futuro. Incubido de uma tarefa tão importante, a aflição me domina, pois eu não sabia sobre o que escreveria.
No trajeto, o sinal vermelho de um semáforo fez com que eu diminuí-se a velocidade. Em um momento de distração, olho para os lados e reparo num terreno baldio (consequentemente fruto da ação do ser humano sobre a natureza), uma família, que pelo o que percebi, era desprovida de recursos que seriam, melhor dizendo, deveriam ser obrigatórios para cada "cidadão" dessa época. Infeliz de nossa sociedade que sofre com as diversas desigualdades sociais. Enquanto "ricos" como políticos se dão bem na vida a custa dos outros, os "pobres" são submetidos a situações que nem o mais corajoso homem aguentaria sobreviver. Pertubado, desvio o olhar, mas acabo me deparando com outra situação constrangedora de nosso país: um jovem mendigo bebendo e fumando encostado em uma parede no meio-fio. Assombrado, olho duro para a frente sem querer dar o menor movimento.
O sinal abre. Avanço. Acabo pensando nos momentos que aquelas pessoas poderiam ter passado. Fome, frio, dor e até mesmo solidão. Neste momento, a idéia de redigir um texto que revele críticas e provoque reflexões descrevendo a vida atual de nossa sociedade seria o ideal para conscientizar aquelas crianças.
A aflição desapareceu dando lugar a uma segurança que assombraria o mais heróico humano. Me perco entre os outros carros numa mistura de ansiedade e orgulho