segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Izza Dantas Cano (1994-) Nasceu em Goiás onde começou a escrever suas primeiras obras, quando se mudou para Mato Grosso, continuou a escrever os mais diversos genênos com a instrução do professor Manoel João Milhomem Maciel. Suas principais obras são: "O que você tem a ver com a corrupção?" e "Festa".

Festa
(Izza e Graciliano Ramos)

Fabiano, sinhá Vitória e os meninos iam à festa de natal na cidade. Eram três horas, fazia grande calor, redemoinhos espalhavam por cima das arvores amarelas nuvens de poeira e folhas secas.
Iam para lá na maior expectativa do que iam encontrar, uma gama de sentimentos os rodeavam. Pretendiam assistir à missa de ação de graças e voltar para a fazenda. Chegaram. Os meninos que há muito tempo não conviviam com mais ninguém da familia se encantaram.
Os dois meninos espiavam os lampiões e adivinhavam casos extraordinários. Não sentiam curiosidade, sentiam medo,e por isso pisavam devagar, receando chamar a atenção das pessoas. Supunham que existiam mundos diferentes da fazenda, mundos maravilhosos na serra azulada. Aquilo, porém, era esquisito. Como podia haver tantas casas e tanta gente? Com certeza, os homens iriam brigar. Seria que o povo ali era brabo e não consentia que eles andassem entre as barracas? Estavam acostumados a aguentar cascudos e puxões de orelhas.
Nada disso aconteceu, pelo contrário, nem notaram a presença da familia de retirantes, era como se não os visse. Fabiano se confundia com o caminho, precisava de informação.
Perto dalí, Fabiano avista um muleque, mais ou menos da idade de seu filho mais velho, muito magro e sentado na calçada. Fabiano se aproxima e lhe pede informações, o menino com receio o responde, mas Fabiano continuava confuso, o menino então decide levá-los até o destino. No caminho sinhá Vitória faz perguntas que foram respondidas com gestos de cabeça, o garoto queria mesmo era conversar com os garotos já que não tinha amigos.
Quando chegaram no local da festa, o garoto se apresentou como Tonho e se despediu. Os garotos ficaram cabisbaixos pois gostaram muito da companhia. Sinhá Vitória disse que seus pais deviam se orgulhar de ter um filho tão educado, foi quando Tonho confessou que não tinha familia e saiu correndo no meio da multidão. Baleia foi atrás de Tonho.
Derrepente, Baleia apareceu. Trepou-se na calçada, mergulhou entre as saias das mulheres, passou por cima de Fabiano e chegou-se aos amigos, manifestando com a língua e com o rabo um vivo contentamento. O menino mais velho agarrou-a. Estava segura. Tentaram explicar-lhe que tinham tido susto enorme por causa dela, mas Baleia não ligou importância á explicação.
Com Baleia segura, participaram da festa. A cerimônia chegava ao fim, mas nada tirava da cabeça de cada um dos componentes da familia a lembrança do menino Tonho. Quando iam embora Baleia saltou e foi correndo na frente. Voltou rápido, afoita e agitada, queria mostrar algo. A familia seguiu-a. Em uma rua perto dalí, deserta estava caído um corpo. Se aproximaram e espantaram com a descoberta, era Tonho que caíra certamente de fome; estava respirando, mas estava muito fraco. Observando o local, puderam ver que era alí que ele vivia. Animaram-o. Fabiano e sinhá Vitória conversaram e decidiram levar o garoto com eles, o garoto ficou muito feliz. Ia com os novos "irmãos" na frente. Fabiano e sinhá Vitória atrás, pensando, afinal Tonho era mais uma boca.

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